Sobre a Deturpada Imagem da Religião Muçulmana (Islam) ou Islamismo

Desde a antiguidade, os povos lutam entre si, por diversos motivos, entre eles, econômicos, defesa das fronteiras, étnicos, religiosos, etc...

Nas escolas, as crianças desentendem-se por motivos fúteis e andam à pancada. Nos estádios de futebol ou fora deles, os adeptos dos clubes criam por vezes graves situações de desordem.

A Irlanda do Norte é martirizada por confrontos violentos entre católicos e protestantes. Na vizinha Espanha alguns separatistas bascos mais radicais, aplicam a lei da violência e da morte sobre pessoas indefesas. Na Colômbia, grupos de guerrilheiros aplicam a lei do terror contra as populações. Em Angola assistimos a uma das piores guerras do planeta. No País mais poderoso, os Estados Unidos da América morre-se cada vez mais devido à violência das armas de fogo. Poderíamos citar muitos mais exemplos.

No nosso País, há casos (isolados, felizmente) de violência, como é o caso das heranças que são "resolvidos" a tiro de caçadeira. É o mundo geral que vive num clima de violência.

No entanto, os Muçulmanos nada têm a ver com as situações atrás descritas. Também entre os Muçulmanos existem situações de conflito. Veja-se o exemplo da Argélia e da Indonésia.

O artigo começa por referir que "ultimamente se tem ouvido falar do Islamismo, por causa do mal estar ou lutas entre Muçulmanos e cristãos", cita o caso da Indonésia, Timor, Moçambique, Angola, Guiné, Kosovo, Turquia, Nigéria, etc...

Em Timor, vimos em direto pelas televisões mundiais, o povo irmão timorense a ser morto e massacrado. De referir que o batalhão indonésio que estava estacionado em Timor, era constituído, na sua maioria, por timorenses que tinham interesses econômicos. Os chefes e a escória das milícias são constituídos por timorenses. É claro que a responsabilidade é primeiro imputada à chefia dos militares indonésios. Mas onde entra aqui a religião Islâmica?

Em Moçambique, País que me viu nascer, as guerras entre a Renamo e a Frelimo nada tinham de religioso! Neste País, os Muçulmanos residentes no norte e que constituem a etnia macua e que não participaram na guerra, sofreram com as restantes populações situações dramáticas.

Em Angola! A luta de galo entre os dois beligerantes é uma guerra entre Muçulmanos e católicos? Praticamente não existem Muçulmanos em Angola!

O povo irmão da Guiné Bissau sofre das conseqüências de uma Guerra movida por interesse do poder e nunca ouvi falar de lutas religiosas.

O Kosovo é uma situação que não pode servir de exemplo, pois foram eles os Muçulmanos que sofreram e se não fosse a Nato, estariam hoje todos exilados no resto do mundo. Não se tratou de uma guerra religiosa, mas sim étnica!

A "JIHAD", ou a guerra santa como é muitas vezes referida no ocidente, como sinônimo de uma guerra empreendida para a expansão imposta pelo Islam, não é mais do que o "esforço feito no caminho de Deus". Por exemplo, a peregrinação a Meca.

Um serviço prestado ao Islam de várias formas, como por exemplo adquirir conhecimentos e transmiti-lo a outrem, o diálogo entre os seguidores do livro (Cristãos e Judeus), é também uma forma de "jihad".

A propagação do Islam é um dever de todo o verdadeiro Muçulmano, que deve seguir o exemplo do profeta Muhammad (que a paz esteja com Ele), para pregar a religião e estabelecer a palavra de Deus na terra.

"Não há compulsão no Islam", segundo o sagrado Al-Qur´an. Os outros povos não podem ser convertidos ao Islam pela força, mas a força pode ser usada para banir a agressão. É o exemplo do que aconteceu na sagrada cidade de Jerusalém, quando foi invadida pelos cruzados, que mataram indefesos, os Muçulmanos e judeus que se tinham refugiado nas mesquitas e sinagogas proibindo todo o culto religioso que não fosse o católico. Após a reconquista da cidade pelo Salahu el-Din (Salaudino), as três religiões do livro (Islamismo, Cristianismo e Judaísmo) puderam então livremente praticar o seu culto religioso.

Sobre o assunto, citarei a opinião de Lacy O'Leary in Islam at the crossroads: "A história esclarece que a lenda dos Muçulmanos fanáticos varrendo o mundo e forçando o Islam na ponta da espada sobre raças conquistadas, é um dos mais fantásticos e absurdos mitos que os historiadores, alguma vez, mencionaram".

As guerras entre os Muçulmanos (Irã / Iraque, Argélia, Indonésia), os seqüestros e os desvios de aviões são derivados pela manipulação política e a frustração por parte de partidos Islâmicos legítimos de obterem poder através da votação. Por outro lado, houve prisões em massa de trabalhadores Islâmicos sob a acusação de conspiração para deitar abaixo governos. Todos estes fatores contribuem para situações de instabilidade que nada tem a ver com a religião, mas sim com o próprio ser do homem.

O jejum é dos pilares da fé Islâmica e os Muçulmanos devem cumprir, anualmente, durante 30 dias o jejum e não 45 dias como é referido no artigo em causa.

No que se refere à poligamia, a autora refere "cada homem pode ter 4 esposas, mas os chefes podem ter quantas quiserem (daí, o aumento acentuadíssimo da população Muçulmana no mundo)". Esta afirmação não corresponde à verdade. Na China, o crescimento da população será também derivada da poligamia? Os Muçulmanos são cerca de mil milhões em todo o mundo. Se cada casal tiver em média 3 filhos, quantos nascimentos ocorrerão em cada ano? É fácil fazer as contas. Cabe agora fazer uma referência acerca da poligamia na religião Islâmica.

O homem é essencialmente polígamo e o desenvolvimento da civilização alastrou esta poligamia inata, por outro lado a mulher é, por natureza, monogâmica.

Se a poligamia é realmente má e prejudicial, então porque é que todos os patriarcas da raça hebraica, que são olhados como exemplos da grande moral, praticaram sempre a poligamia? Porque casou o profeta Moisés (que a paz esteja com Ele) com mais de uma mulher? Seria ele amoral ou um homem sensual? (Deus proibiu de o ser). Porque tomaram Jacob e Abraão (que a paz esteja com Eles) para si mais de uma esposa?

Quando vemos mulheres infelizes que enchem as ruas das cidades ocidentais à noite, não assenta bem nas bocas ocidentais censurar o Islam pela sua poligamia.

Será que é melhor para o homem praticar secretamente o adultério (um ato desprezível) profanando as esposas, filhas e irmãs de outras pessoas, gerando filhos "ilegítimos" e cujas mães fora do alcance da lei, sem abrigo e sem cuidados, depois de abandonadas são desprezadas pela sociedade?

O Reverendo Canon Issac Taylor, um eminente eclesiástico inglês, disse num dos Congressos eclesiásticos ocorrido na Inglaterra: "Devido à poligamia, os países muçulmanos estão livres de parias profissionais, a maior censura à cristandade do que a poligamia ao Islam. A poligamia estritamente regulada das terras Muçulmanas é infinitamente menos degradante para a mulher e menos injuriosa para o homem, do que a poliandria promíscua que se pratica nas cidades cristãs e que é absolutamente desconhecida no Islam".

O homem vive num estado de poligamia nos países civilizados, apesar da monogamia ser obrigatória por lei. Dificilmente se encontrará mais do que um homem de entre uma centena, que possa jurar no seu leito de morte que nunca conheceu mais do que uma mulher durante toda a sua vida.

Na religião Islâmica deve-se olhar a monogamia como norma e a poligamia como exceção, pois a religião Islâmica não obriga o homem a ser polígamo, sendo atualmente, o número de homens Muçulmanos casados com mais de uma esposa, muito inferior ao passado.

Cabe aqui referir que o Islamismo permite o casamento até 4 esposas, nomeadamente, nos seguintes casos:

- conseqüência das guerras, onde se verificou uma dizimação da população masculina. Neste caso, as viúvas e outras mulheres em idade de casar onde iriam arranjar maridos para todas elas?;

- no caso da mulher sofrer de doença crônica, que a impeça de engravidar e o homem necessita de outra esposa para obter filhos. Se ele se divorciar da mulher e a abandonar à sua sorte não será melhor manter-se casado e o homem "legalmente" casar com outra mulher?;

- no caso do homem casado vir a amar outra mulher, mas a esposa não pretender se divorciar.

De notar que o homem deve respeitar e tratar de igual modo as suas esposas. 

É referido no artigo que "Mohammad conhecera a tradição cristã e que se aproveitara para construir o Islamismo". Esta tomada de posição é tão leviana quanto aquela que levaria dizer que Jesus (que a paz esteja com Ele) teria enganado, Ele também, os seus contemporâneos, por se ter inspirado no Antigo Testamento, no decorrer da sua predicação, pois todo o Evangelho de Mateus é fundado sobre essa continuidade com o Antigo Testamento. O Al-Qur´an tem uma versão diferente dos anteriores livros sagrados, dos quais acreditamos na sua forma original.

Como se pode então tirar essa afirmação grosseira?

Como poderia, Muhammad (que a paz esteja com Ele), um homem iletrado, ser o autor de uma obra de inestimável valor literário e que contém verdades científicas, válidas atualmente, que nenhum ser humano poderia elaborar naquele tempo? Sobre esta matéria, recomendamos a leitura do livro "A Bíblia, o Alcorão e a Ciência - As escrituras sagradas examinadas à luz dos conhecimentos modernos", escrito pelo cirurgião Maurice Bucaille. 

No que se refere aos outros pontos negativos que a articulista insere "olham só para as obras exteriores" e "concepção grosseira da vida eterna", gostaria de explicar que os Muçulmanos devem ter uma conduta de vida exemplar.

Devem abster-se das ostentações e vestirem-se com dignidade. Devem respeitar a mãe e o pai. Não existem lares de idosos nos países Islâmicos, pois os filhos devem tomar conta dos pais idosos. Os vizinhos constituem uma preocupação, pois ninguém é crente quando vai para a cama com a barriga cheia, sabendo que o seu vizinho, mesmo de outra religião está a passar dificuldades. Devem alimentar os pobres e criarem condições para eles encontrarem o seu meio de subsistência, são estas algumas das obrigações dos muçulmanos.

Quanto à vida eterna, os Muçulmanos acreditam que cada ser humano nasce sem pecado, sendo responsável pelos seus atos a partir da puberdade. Pois ninguém é responsável pelos pecados dos outros. Após a sua morte será ressuscitado e prestará contas da sua conduta na terra. Se praticou boas ações terá o Paraíso como residência eterna e se praticou más ações terá o castigo merecido, pois Deus Todo Poderoso sabe das nossas boas e más ações, mesmo as que são feitas às escondidas.

Em "Carta-Protesto do Presidente do CCIP (A.R.Mangá) dirigida ao mensário "O Futuro" relativo à um artigo da Sra Angélica Silveira" (2/6/00)

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