O Califado Andaluz

Como já mencionamos, foi com a ascensão ao poder do califado dos abássidas que a Espanha se separou do Oriente muçulmano. Após quase mil anos de dominação, em 1492, os últimos traços de um Estado muçulmano foram varridos da Espanha, pelos cristãos de Castela.

A islamização da região de Al-Andalus (denominação árabe da Espanha muçulmana) foram processos longos e complicados. As primeiras incursões militares árabes à região, entre 642 e 669, partiram do Egito e ocorreram mais por iniciativas locais do que propriamente por uma estratégia do califado central.

No entanto, quando a sede do califado transferiu-se de Madina para Damasco, os Omíadas reconheceram a importância de dominar o Mediterrâneo, o que exigia um esforço militar conjunto sobre o norte da África. Em 670, um exército árabe, chefiado por Uqba Ibn Nafi, fundou a cidade de Al-Kairouan, cerca de 160 km ao sul do que hoje é a cidade de Túnis, que passou a servir de base para operações militares mais distantes.

No ano de 711, Tarik Ibn Ziyad, um general liberto e governador da faixa ocidental do Maghrib (atual norte do Marrocos), venceu o visigodo Rodrigo, rei de Espanha. Chefiando um exército de 7.000 homens, e contando com o auxílio de convertidos berberes, ele atravessou o Estreito e desembarcou junto a um enorme rochedo, que tomou o nome de Jabal-i-Tariq (Monte de Tariq), mais tarde ocidentalizado para Gibraltar.

Em 712, uma nova leva de árabes chegou à região, quando grande parte da Espanha central, Portugal e partes da Itália já tinham sido ocupadas. Seguiram-se as conquistas de Medina, Sidônia, Sevilha e Mérida. Os árabes estabeleceram uma nova capital em Córdoba, às margens do rio Guadalquivir, o que garantia água suficiente para a produção agrícola, que se desenvolveu graças às novas técnicas introduzidas por eles.

Quando os Abássidas capturaram Damasco, um dos príncipes Omíadas Abd al-Rahman I escapou e fez uma longa jornada para Espanha, onde fundou um reino Omíada, iniciando assim a era dourada do Islam na Espanha.  

Córdoba foi fundada como capital e em breve se tornou a maior cidade não só pela sua população mas também do ponto de vista cultural e da vida intelectual. Os Omíadas reinaram por mais de dois séculos até que, enfraquecidos, foram substituídos por governantes locais.  

Entretanto no Norte de África, várias dinastias locais dominaram até que duas poderosas dinastias Berberes tiveram sucesso na união da maior parte do Norte de África e também da Espanha nos séculos XII e XIII. Depois deles esta área foi governada outra vez por dinastias locais tais como as Sarifidas de Marrocos que ainda hoje reinam neste país.  

O período muçulmano foi um período de progresso e prosperidade material. As universidades muçulmanas, que ali existiam, atraíam, constantemente, estudantes não-muçulmanos de todas as partes da Europa.  

Grande Mesquita de Córdoba, o Califa Abd Rahman I deu inicio a sua construção em 786 d.C.

As ruínas da arquitetura muçulmana, ainda encontradas na Península Ibérica, mostram o progresso espantoso que foi alcançado nesse campo. Após o enfraquecimento político, os muçulmanos foram vítimas de sangrentas perseguições, que visavam convertê-los ao cristianismo, com a destruição, em massa, das suas bibliotecas, nas quais se perderam centenas de milhares de manuscritos, queimados quando a imprensa ainda não se tinha projetado. A perda foi irreparável.  

A Espanha muçulmana era uma província independente desde o estabelecimento do poder Abássida. O último Omíada, Abd al-Rahman I, fugiu e refugiou-se na península ibérica, de onde, com a ajuda dos berberes e dos árabes da Síria, apoderou-se de Córdoba em 756 e dominou a maior parte do país.  

Em 929, o emirado foi transformado em califado por Abd al-Rahman III. Durante seu reinado, os povos cristãos do norte sofreram grandes derrotas, ao tentarem reconquistar o território. 

Califado Omíada de Andaluz em 910 d.C.

 

No fim do século X, os muçulmanos espanhóis lançaram expedições sobre Barcelona, Leão, Santiago, Zamora e Coimbra. Ampliou-se o domínio do califado, e Córdoba conheceu enorme esplendor, que se manteria durante o século seguinte. As tradições sírias permaneceram vivas, e a refinada cultura cordobesa rivalizou com a de Bagdá.

 A destruição do califado de Córdoba foi conseqüência de diversas questões relacionadas com o progressivo enfraquecimento do poder. Em 1031, foi destituído o último califa omíada.

Na evolução de al-Andalus é possível distinguir-se três períodos: o emirado dependente (714-756), no qual o território foi convertido em uma província do Islã sob a soberania dos califas omíadas de Damasco; o emirado independente (756-929), constituído quando Abd al-Rahman I, membro da destronada dinastia omíada chegou ao poder e deixou de obedecer a Bagdá e ao califado abássida; e, por último, o califado omíada, iniciado quando o emir Abd al-Rahman III se proclamou califa (929), o que representou a independência religiosa de al-Andalus. Posteriormente, as diferenças entre os grupos étnicos provocaram a fragmentação desse domínio em numerosos reinos de taifas na metade do século XI.

Califado Omíada de Andaluz em 1073 d.C.

 

A Espanha muçulmana voltou a unificar-se sob o império dos almorávidas (1090-1145) e dos almôadas (1157-1212), mas que sucumbiram progressivamente ante o avanço da reconquista cristã no século XIII. O espaço dominado pelos muçulmanos ficou reduzido ao reino Nazarí de Granada, que perdurou até 1492, data em que caiu  sobre o poder dos reis católicos, Fernando e Isabel, dando fim a 800 anos de dominação islmâmica na Espanha.

Abd al-Rahman I (731-788)

Fundou do emirado independente Omíada da Andaluzia (756-788), após a revolução Abássida, que destronou os Omíadas do califado de Damasco (750), Abd al-Rahman refugiou-se no norte da África e, mais tarde, conquistou a Andaluzia. Consolidou a força do Islam peninsular e deu início à construção da grande mesquita de Córdoba. 

Abd al-Rahman III (891-961)

Foi o fundador do califado de Córdoba (912-961). Quando ascendeu ao governo, vários poderes autônomos da Al-Andalus se encontravam desintegrados, mas o novo emir conseguiu restabelecer a ordem e a autoridade dos Omíadas depois de sufocar numerosas rebeliões. Proclamou-se califa em 929, exerceu o poder absoluto, auxiliado por uma administração eficaz e um forte exército. Com ele, a Andaluzia viveu uma época de paz e prosperidade. Nesse período, foi iniciada a construção do palácio de Medinat al-Zahara.

Fonte: islam.org.br

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