As artes no Islam: Tapete

Durante o século XIX, o tapete oriental tornou-se de grande valor mundo afora como obra de arte.

Por sua rica história, seu colorido e motivos, o tapete oriental muitas vezes é chamado de "o aristocrata dos tapetes". Tradicionalmente, a expressão tapete oriental tem sido usada para descrever tapetes feitos a mão de procedência oriental. O processo envolve esticar os fios sobre um tear e ir amarrando em nós esses fios. Quando uma fileira de nós está completa, inicia-se outra. Uma vez o tapete todo tecido, apara-se os fios por grupo,para que fiquem do mesmo tamanho. A precisão do desenho depende de como o tapete foi tecido e em que quantidades os grupos de fios foram amarrados. A densidade do tapete, ou o número de nós por centímetro quadrado, pode ser um indicador da delicadeza e durabilidade dele. Quanto mais nós, melhor o tapete é. Um tapete oriental fantástico pode ter mais de 500 nós por centímetro quadrado.

Historicamente, as grandes áreas   produtoras de tapetes incluem a Turquia, a Pérsia, o Cáucaso e o Turquestão. Mas, também deve ser acrescentado a esta lista o Afganistão, o Paquistão, o Nepal, a India e a China. E, ainda, a Espanha, que sob a influência árabe, também produziu tapetes feitos a mão de grande beleza.

História

O nome "tapete oriental" é frequentemente usado para se referir a todos os  tapetes com nós feitos a mão. A arte de dar nós e de tecer os tapetes e as mantas foi uma criação clássica dos povos nômades, que encontrou acolhida por parte dos muçulmanos, assim como  do mundo não muçulmano. Nenhum produto surge mais diretamente das possibilidades e das necessidades da vida nômade. As mulheres fiam e tecem, em forma de tapetes, a lã e o pêlo dos rebanhos, e ao mesmo tempo, encontram tintas naturais de plantas e  insetos à sua volta. Os produtos das suas oficinas  constituem um mobiliário magnifíco daqueles que vivem em tendas.

Entre as comunidades sedentárias, os tapetes alcançaram novas funções, como cobrir as áreas sagradas das capelas funerárias e das mesquitas, mostrar a riqueza e o bom gosto dos mercadores e principes, e proporcinar a matéria para exportações lucrativas para a Europa. Os modelos criados foram ricos e variados; configuraram-se desde as formas estilizadas e os desenhos geométricos aos tapetes para oração, que reproduzem o nicho do mihrab e as composições realistas que representam homens, animais e flores.

Embora existam referências a tapetes entre os primeiros escritores  gregos e árabes, não se sabe quando o primeiro tapete oriental foi tecido. Acredita-se que a técnica de dar nós em tapetes tenha começado com as tribos nômades da Ásia Central. Essas tribos produziam tapetes pequenos, decorados com motivos geométricos, inspirados nas formas de animais e plantas. Para o nômade, o tapete não tinha só a função decorativa mas também utilitária, pois servia de cobertura para o chão, divisão de ambientes, cortinas e alforges. Tendo em vista que os tapeceiros nômades eram forçados a desmontar seus teares sempre que sua segurança era ameaçada por elementos naturais ou inimigos humanos, suas criações refletiam as incertezas de sua vida. Os nômades andarilhos, com esse tipo de vida, acabaram divulgando a arte de tecer tapete para  novas terras e povos.

Alguns dos maiores centros de tapeçaria surgiram na Pérsia e na Turquia. Os manuscritos persas descrevem um tapete do rei Chosroes I, tecido em algodão, seda, ouro e prata e guarnecido com pedras preciosas.   Marco Polo, em sua visita à região da Anatólia, na Turquia, descreveu os tapetes da região, com seus desenhos geométricos e figuras de animais, como os mais belos do mundo.

O período que vai do século XVI até a metade do século XVIII é conhecido como a idade de ouro da tapeçaria persa. Inúmeros tapetes dessa época chegaram até nós e são reconhecidos por sua harmonia de cores e originalidade de desenhos. Os tapetes turcos apresentam um estilo diferente de nós, desenhos curvilíneos e cores mais suaves.

No mundo islâmico, os tapetes foram usados principalmente para cobrir o chão das mesquitas e casas. Também eram usados como decoração das paredes. Eram feitos de lã de carneiro, do pêlo da cabra ou do camelo, e mais tarde, em algodão e seda. A lã é tirada dos numerosos rebanhos de pastores nômades, que pastam em grandes áreas. A lã mais fina vem do Curdistão, onde a parte ocidental da Pérsia faz fronteira com a Turquia. A lã do Corassã e de Kirman é famosa por ser mais fina e aveludada, enquanto que a lã do Cáucaso e da Ásia Central é apreciada por ser mais forte e lustrosa.

Os tapetes no mundo islâmico nem sempre apresentam características distintas o bastante para que se possa assegurar suas diferenças. O Islam condena a representação artística de seres humanos e animais e, por causa disso, predominam as formas geométricas nos desenhos dos povos islâmicos. Embora a Pérsia tenha se convertido à religião islâmica, os tapeceiros persas muitas vezes decoraram suas criações com animais e figuras humanas. É bastante raro encontrar qualquer figura humana nos primeiros tapetes turcos. São famosos seus tapetes de oração, que se caracterizam por uma decoração ricamente detalhada. Todos tem o nicho do mihrab, que aponta para Meca, quando usado para a oração.

Foram quatro as principais áreas do mundo islâmico que se destacaram na produção de tapetes:

Cáucaso;
Ásia Central ou Turquestão;
Pérsia; e
Turquia ou Anatólia.

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                      Tapete da região ocidental do Irã                                           Tapete de Konia, região central da Turquia



O mais elementar dos teares foi usado para produzir excelentes tapetes orientais. Para os nômades errantes, duas árvores crescendo a poucos metros podia tornar-se um tear, quando um par de varetas podia ser estendido entre elas. Os teares podem ser horizontais e verticais.  Tanto um como outro tem um mecanismo simples que permite ao tecelão dividir a trama em  dois conjuntos , a fim de que a urdidura possa ser revertida depois de cada arremate da trama. O artesão primeiro tece uma orela. São feitos diversos arremates na trama para se obter uma margem estreita que serve de borda para a área que vai levar os nós. Um fator importante na determinação da origem de um tapete é a identificação da forma como o nó foi amarrado. Os tipos mais comuns de nó são o nó turco e o nó persa.

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FONTES

Grandes Impérios e Civilizações - Vol. II, Edições Del Prado

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