O Alcorão se interessa pelo meio-ambiente

É impressionante para os pesquisadores justos como o Alcorão e a Sunnah se interessam pelo meio ambiente. Diz o Alcorão, por exemplo:

"Porventura, não reparam nos camelídeos, como são criados?" (88:17)

Nesta passagem, o Alcorão menciona os camelos, ao invés de outros animais. A razão disto é  chamar a atenção para este animal notável e convidar as pessoas a contemplarem sua estrutura, propriedades e benefícios, porque ele é o animal doméstico mais próximo dos beduínos, para quem o Alcorão está se dirigindo.

Frequentemente o Alcorão fala dos animais domésticos (camelos, gado, carneiros) em lugar de outros animais que existem em outras regiões. A razão é para chamar a atenção das pessoas a quem ele se dirige, para os animais que fazem parte do ambiente que as cerca, a fim de que possam ser usados; agradecer às Bênçãos de Deus, comer de sua carne e beber de seu leite.

"...leite puro e saboroso para aqueles que o bebem." (16:66)

Também para a satisfação do olhar, quando eles são conduzidos pela manhã e trazidos de volta à noite.

"E tendes nele encanto, quer quando o conduzis aos apriscos, quer quando, pela manhã, os levais para o pasto." (16:6)

A mesma coisa é mencionada no Alcorão sobre as abelhas, na Surata chamada de "As Abelhas" : o mel, suas várias espécies, valor nutritivo e medicinal, na Surata chamada "As Abelhas".

Da mesma forma o Alcorão fala sobre as tamareiras, as uvas, as colheitas de diversos sabores, a oliveira e as romãs semelhantes (em espécie) e diferentes (em variedades). Aqui o Alcorão insiste em dois aspectos importantes:

1) Usufruir de sua beleza:

"Reparai em seu fruto, quando frutificam, e em sua madureza." (6:99)

2) Usar de suas substâncias, mas pagando o zakat devido, conforme prescrito por Deus.

"Comei de seus frutos, quando frutificarem, e pagai seu tributo, no dia da colheita, e não vos excedais." (6:141)

Diversas vezes foi citado no Alcorão: Proibir o desperdício da terra, uma vez que Deus (o Exaltado e o Todo Poderoso) a criou adequada e bem preparada para as sucessivas gerações humanas. O Alcorão avisa que Deus não gosta do desperdício ou daqueles que desperdiçam em vida, e isto inclui o meio ambiente, poluindo-o ou agredindo-o. Também é proibido abusar dela de qualquer forma que possa desviá-la dos objetivos para os quais Deus a criou. Seria como mostrar ingratidão a Deus, o que provocaria a vingança de Deus e seria como uma advertência para aqueles que perpetraram este crime, de que uma punição severa recairá sobre eles, da mesma forma como aconteceu antes ao povo de 'Ad e Samud e àqueles que vieram depois deles.

"Os quais transgrediram, na terra, e multiplicaram, nela, a corrupção, pelo que teu Senhor lhes infligiu variados castigos. Atenta para o fato de que o teu Senhor está sempre alerta." (89:11-14)

É como a punição que veio para os habitantes de Sabá, que não gostavam das bênçãos que Deus lhes havia concedido; terra fértil, água pura e fresca, jardins de doces perfumes, e eles relutaram, descuidaram da terra e perderam sua fonte de generosidade. Disse Deus:

"Os habitantes de Sabá tinham, em sua cidade, um sinal: duas espécies de jardins, à direita e à esquerda. (Foi-lhes dito): Desfrutai da graça de vosso Senhor e agradecei-Lhe. Tendes terra fértil e um Senhor Indulgentíssimo. Porém, desencaminharam-se. Então, desencadeamos sobre eles a inundação provinda dos diques, e substituímos seus jardins por outros cujos frutos eram amargos, e tamargueiras, e possuíam alguns lotos. Assim os castigamos, por sua ingratidão. Temos castigado, acaso, alguém, além do ingrato?" (34:15-17)


Dr. Yusuf al-Qaradawi
Islamic Concept of Education & Economy as Seen in the Sunnah
© 1418 AH El-Falah, Cairo, Egypt

Dr. Yusuf al-Qaradawi

Fonte: sbmrj.org.br

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