As diferentes maneiras que Shaitân utiliza para desencaminhar o homem

Shaitan não se apresenta a pessoa e diz: “Deixa de comportar-se corretamente e comete todos os pecados para que se conte entre os miseráveis desta vida e na outra”. Porque se assim se comportasse, ninguém o seguiria. Ao invés, utiliza distintos métodos para enganar aos servos de Allah, tais como:

1 - Embelezar o que é Pérfido

Este é um dos métodos que Shaitan usou e usa para desviar a humanidade. Fazendo que o falso tome a aparência da verdade e, fazendo que a verdade, apareça como falso. Sempre tentará fazer que os homens prefiram o falso e sintam aversão pela verdade, até que a pessoa finalmente se sinta inclinada para os pecados e se afaste da verdade. O próprio Shaitan disse ao Senhor:

“Disse: Senhor meu! Por haver-me desviado, os seduzirei e desencaminharei a todos. Exceto a quem de Seus servos houver protegido”. (15:39/40)

Explicando isto, Ibn Al Qaim escreveu: “Sua estratégia é subjugar de tal maneira a mente até enganar completamente a pessoa. Ninguém se encontra a salvo de sua estratégia, exceto quem Allah quiser. Desta maneira embeleza exteriormente o que prejudica até fazer parecer benéfico para ele. Assim mesmo o faz fugir de atos para ele benéficos até que pense que são prejudiciais para ele. Não há deus senão Allah! Quantos homens foram tentados desta maneira! Quantos corações se mantiveram afastados do Islam, a Fé e a bondade por causa destas estratégias! Quantas bondades e verdades foram apresentadas de forma horrenda! Quanta falsidade foi mostrada bonita, desejosa aos olhos sem que ninguém se atente! E quantas falsidades se estendem inclusive entre os mais experientes. Ele é quem envolve a mente até que se entregue a desejos e desvios. Os faz seguir todos e cada um dos caminhos desviados, levando-os à destruição. Atraindo-os finalmente à adoração de ídolos, à ruptura das relações familiares, o infanticídio, o incesto e tantos outros. Os promete a vitória, o Paraíso. Os instiga ao menosprezo dos atributos de Allah, de Sua transcendência, Sua palavra revelada nos seus Livros, com o pretexto de não cair no antropomorfismo com Allah. Os instiga no abandono de ordenar o bem e proibir o mal, com o pretexto de ser tolerante com os demais, comportando-se com eles de boas maneiras, aplicando o Versículo “Oh, crentes! Vele por suas próprias almas”. (5:105) incitando a virar as costas à tudo que trouxe o Mensageiro de Allah com a desculpa de seguir cegamente aos juristas honrados (Taqlid) e que é suficiente seguir o dizer de qualquer um que sabe um pouco mais. Instiga à hipocrisia com a religião de Allah, com o pretexto de ser flexível e misturar-se amigavelmente às pessoas”.

Esta foi à estratégia que Iblis, o maldito, utilizou contra Adão quando o incitou, embelezando o ato ante seus olhos, de comer da arvore que Allah o havia proibido. Shaitan insistiu a Adão que essa era a arvore da eternidade, e quem comesse dela viveria para sempre no Paraíso ou se tornaria um anjo. Finalmente Adão comeu dela e, conseqüentemente, foi expulso do Paraíso.

Da mesma forma podemos ver hoje em dia os aliados de Shaitan, seguindo a mesma estratégia para desviar as pessoas. Por exemplo, políticos propagam suas ideologias, argumentando que estas acabarão com a confusão, a perturbação, a fome e outros males que sofrem os seres humanos. Incitam as mulheres a que abandonem seus lugares, praticamente desnudas, em nome da liberdade. Instigam as pessoas a assistir filmes e novelas que insultam a honra e a dignidade, e envolvem as pessoas com coisas proibidas, tudo em nome da arte. Como esses anúncios venenosos que instigam as pessoas a guardar seu dinheiro nos bancos e a beneficiar-se dos interesses da usura do dinheiro, tudo em nome do progresso e da ganância. É disto que chamam as pessoas que se apegam aos valores da religião: “atrasados”, “de gerações passadas” ou “antiquados”. Chamam aos predicadores muçulmanos loucos extremistas ou agentes dos países orientais.

Tudo isto forma parte da estratégia de Shaitan desde o tempo de Adão, mostrando o falso de uma maneira bonita e correta, e mostrando a verdade como algo repugnante com o objetivo de que as pessoas o odeiem.

“Por Allah! Enviamos mensageiros as nações que te precederam, mas Satanás também os fez ver suas más ações como boas”. (16:63)

Eles representam uma ameaça séria para a humanidade. Porque se a pessoa considera o falso como verdadeiro e correto, terminará esforçando-se por todos seus meios para difundir e apoiar tal “verdade” ainda que, termine levando-o à sua própria destruição.

“Digas: Quereis que vos informe de quem são os maiores perdedores por suas obras? Aqueles cujo empenho se frustrou na vida mundana enquanto creram haver realizado o bem”. (18:103/104)

Essas pessoas se esforçaram arduamente para apartar as pessoas do caminho de Allah, lutando fervorosamente contra os servos de Allah. Porque realmente crêem que estão seguindo a verdade e a guia!

“E eles, em verdade, se afastam do caminho, mas pensam que estão bem encaminhados”. (43:37)

Este é o principal motivo que influenciou sobre os incrédulos, fazendo-os preferir esta vida, e afastando-se da outra. Disse Allah: “E os designamos companheiros, que ornamentaram seu presente e seu passado”. (41:25)

Esses companheiros são demônios. Que embelezam a seus olhos todos os assuntos desta vida mundana, fazendo-a tentadora. Levando-os posteriormente a negar a outra vida, e sentir-se seguro destes conceitos, a negar a Ressurreição, o Juízo Final, o Paraíso e o Inferno.

 

Chamar com nomes agradáveis as coisas proibidas.


Parte da estratégia de Shaitan é dar novos nomes a pecados e más ações antigas, nomes agradáveis que incitem a pessoa a tomar parte delas. Desta maneira, engana ao ser humano mostrando uma realidade falsa. Como por exemplo, sabemos que Shaitan chamou a arvore proibida, “a arvore da imortalidade” para assim atrair a Adão para comer dela:

“Mas Satanás o sugeriu o mal; disse: Ó, Adão! Te mostro a arvore da imortalidade e o poder que não cessa?”. (20:120)

Ibn Al Qaim escreveu: “De Shaitan, seus seguidores herdaram o traço de usar nomes agradáveis e atrativos para objetos proibidos. Por exemplo, chamam ao vinho” a mãe da alegria...” e a usura lhe chamam “transação comercial” e chamam ao imposto “o direito do governo””.

Hoje em dia chamam a usura “interesses bancários” assim como chamam ao baile, a música e a construção de estatuas “arte”.

 

2- Tomando uma posição extrema

Ibn Al Qain descreveu perfeitamente este ponto quando disse:


“Sempre que Allah ordena algo, o demônio insiste para que as pessoas toma uma de duas posições contraditórias a respeito: Negligencia ou exagero. Não importa a Shaitân qual dos dois erros tome posição a pessoa. Busca no coração da pessoa e se encontra na apatia e negligencia, trata de conseguir vantagem mostrando a ele infundadas dificuldades para que se abstenha. O ataca com a moleza, a apatia e a indiferença. Abre a ele a porta das interpretações (tauil), conseguindo inclusive que o servo deixe inclusive de praticar e fazer todo o tipo de obras virtuosas que lhe foram ordenadas.

Pois ao contrario Shaitân encontra no coração do servo precavido, serio, com muita disponibilidade e responsabilidade, e se desespera em enganar lhe como a estratégia do caso anterior, instiga a pessoa a esforçasse demasiadamente, fazendo as coisas difíceis a si mesmo. O convence de que o que ela esta fazendo não é o suficiente. De que suas ambições devem ser maiores. Que deve trabalhar mais que todos. Que não deve dormir quando eles dormem. Que não deve quebrar seu jejum quando eles quebram. Que não deve descansar quando eles descansam. Que se um deles lava sua mão e rosto três vezes, ele deve lavá-los sete vezes. Que se outros fazem a ablução (Wuduh) para a oração, ele deve tomar banho (Gusl). E o instiga a outro atos similares de exagero e extremismo. Levando-o ao extremo e muito além dos limites. Fazendo que se desvie do caminho reto do mesmo modo que fez com a primeira pessoa.

A intenção de Shaitân para ambos é mantê-los longe do caminho reto. O primeiro fazendo que não se aproxime e o segundo fazendo que passe dos limites. Muitos são os que se desviam por causa destas duas estratégias. Não há quem possa escapar delas exceto através do conhecimento, a fé e a força de combater interiormente o Shaitân, permanecendo no caminho reto. Que Allah nos ajude.

 

3 - Shaitân impede o servo de atuar frutificando a comodidade e a preguiça.

Existem diferentes caminhos e meios utilizados por Shaitân para desviar as pessoas. Bujari transmitiu de Abu Hurairah que o Mensageiro de Deus disse: “Enquanto dorme, Shaitân amarra três laços em sua nuca. Bate em cada um deles dizendo: ‘A noite é extensa, continua dormindo’. Quando a pessoa desperta, se recorda de Allah, se desfaz um dos laços. Se realiza a ablução, o segundo laço se desata. Realiza-se uma oração todos os nós terminam de desfazer-se. Depois disto a pessoa se sentirá com energia e feliz pela manhã. E se não faz estas coisas se levantará apático e preguiçoso”.

Bukhari e Muslim transmitiram o seguinte Hadisse: “Quando algum de vocês se levanta de seu sono que realize a ablução. Enxugando seu nariz três vezes. Porque Shaitân pernoita na parte mais profunda do nariz”.

Bukhari relatou que foi perguntado ao Profeta sobre o caso de um homem que dormia até de manhã (depois de ter terminado o horário da oração do fajr). E foi respondido: “Shaitân urinou nas orelhas deste homem”.

Temos expressado que a preguiça e a apatia são duas ferramentas poderosas de Shaitân contra o ser humano. Através do sussurro inspira o amor a preguiça e a atrasar todas as atividades benéficas, insinuando que ainda há tempo para fazer essas obras no futuro.

Ibn Al Yauzi disse: “Quantos judeus e cristãos viram com bons olhos e amaram em seu coração o Islam. Mas Iblís interferiu dizendo: ‘Não se apresse. Pense mais sobre o assunto’. E eles atrasam sua conversão até que finalmente morrem na incredulidade. Da mesma maneira estabelecem ao pecador atrasar seu arrependimento. Colocando ante seus olhos tudo que deseja e instigando-o a arrepender-se depois.”

Como disse o poeta: “Não se apresse a cometer pecados quando sente desejo e medita antes sobre o arrependimento”.

Quantos decididos a fazer algo eles atrasaram! Como o sábio determinado a dar seus ensinamentos, quando shaitân lhe sussurra: “Descansa mais algum tempo” ou como o servo de Allah que desperta a noite para orar, e Shaitân lhe diz: “Ainda tem tempo para continuar dormindo”. Iblís não há de parar seu trabalho de fazer as pessoas amarem a preguiça e a atrasar suas intenções de realizar boas ações, porque deseja que as pessoas confiem só em esperanças e sonhos”.

“É necessário que a pessoa tome os assuntos com decisão e atue com determinação. A determinação mostra o momento exato para levar a cabo as coisas, eliminando a preguiça. A firmeza lhe livrará de viver simplesmente sonhando. Quem teme a Deus não se sente segura contra o castigo. A pessoa com determinação é consciente de que o tempo transcorrido, nunca há de voltar. A causa de todas as omissões e apatias é a confiança desnecessária e infundada. A pessoa com firme decisão mantém continuamente a luta contra seu ego e se entrega em boas obras. Só quem assume que a morte se encontra próximo é competente e consciente de seus deveres”.

Alguns sábios das primeiras gerações estavam acostumados a dizer: “Tenha cuidado com a preguiça. Porque é o melhor dos soldados de Shaitân. O exemplo da diferença entre uma pessoa ativa e com determinação e uma que repousa nas suas esperanças e prorroga suas obras para o dia seguinte, são como dois viajantes que atravessam uma cidade durante sua viajem. O determinado compra seus mantimentos cedo e se prepara para reiniciar a viajem imediatamente. O preguiçoso, em contrapartida, diz: ‘Esperarei, quem sabe permaneça aqui um mês’ e continua atrasando a compra de seus mantimentos e os preparativos para sua partida até o último momento. Mas no final só encontrará arrependimento e pesar.”

Este é o exemplo das pessoas neste mundo. Algumas delas se preparam durante a vida, e quando o anjo da morte vem buscá-las, não se afligem. Outros, em contrapartida, se enganam pensando que farão as coisas depois, mas quando a hora de viajar mais além chega, se arrependem e se desesperam. È parte da natureza do ser humano amar a preguiça e os sonhos. Shaitan se beneficia do que encontra na natureza humana. Por isso, temos que despertar e entender que nos encontramos no meio de uma batalha, e que o inimigo não descansa. E ainda que pareça que descansa, na realidade só é parte da estratégia.

 

4 - Falsas promessas e esperanças.

Shaitân promete falsas utopias e ilusões infundadas para assim desviar as pessoas e distraí-las. Disse Allah:

“Os faz promessas e lhes dá falsas esperanças, mas Satanás não lhes promete senão algo ilusório”.(4:120)
Na sua batalha contra os crentes, promete ajuda, honra e vitória aos incrédulos. Mas logo os abandona deixando-os sozinhos.

“E Satanás os fez ver o bem no que faziam, e disse: hoje ninguém os vencerá, eu estou próximo de vocês; mas quando os dois grupos se avistaram, se voltou sobre seus passos e disse: Eu não sou responsável sobre vocês”. (8:48)

Promete aos incrédulos ricos mais riquezas e posições na outra vida. Os diz:

“Tampouco creio que jamais chegue a hora (do Dia do Juízo). E se chega a ser ressuscitado é certo que terá um vinhedo melhor que este”. (18:36), mas Allah há de destruir suas posses nesta vida, demonstrando-lhes que se encontravam enganados.

O ser humano se preocupa e absorve em seus sonhos e ilusões, sonhos que não existem no mundo real. Sem realizar quanto lhe é benéfico, abandonando-se a seus sonhos e esperanças.

 

5. Shaitân aparece como um conselheiro leal.

Shaitân estimula o homem a desobedecer a Deus alegando que dá conselho sincero e que somente deseja o melhor. Assim foi como jurou a Adão que somente estava dando a ele um conselho honesto:

“E os juro: Eu os aconselho para vosso bem”. (7:21)

Wahb Ibn Munabbih relatou uma historia da Gente do Livro (133) que apresentamos para demonstrar a vontade e esforço de Shaitân para desencaminhar a humanidade, colocando em evidência seu “conselho sincero”.

Ouve uma vez um monge piedoso da gente de Israel. Era a pessoa mais piedosa de sua época. Havia três irmãos que tinham uma irmã jovem e virgem, e tinham somente essa irmã. Ao serem chamados para comparecerem na guerra, não sabiam com quem deixar essa irmã, em quem confiar para cuidar dela. Concordaram então deixá-la a cargo desta pessoa piedosa, porque confiavam nele. Então foram até ele para perguntar se podiam, deveras, deixá-la com ele. Ela estaria numa construção vizinha a sua e a seu cuidado, até que eles voltassem da guerra. A principio ele se negou a este pedido e buscou refugio em Deus deles e da sua irmã. Mas insistiram até que finalmente aceitou. Disse-lhes: ‘Deixa-a na construção vizinha em meu lugar de culto’. Assim foi que a deixaram nesse lugar e saíram.

A jovem permaneceu no lugar de culto desta pessoa piedosa por algum tempo. Ele deixava comida para ela diante da porta, trancava com chave sua porta e voltava a seu lugar de culto. Então lhe avisava que podia sair da casa e pegar a comida. Foi então quando Shaitân se aproximou dele de maneira imperceptível, animando-o a que a tratasse mais amavelmente. Disse-lhe que não era bom deixar a mulher sair da sua casa durante o dia porque algum homem poderia vê-la. Que seria melhor que ele mesmo levasse a comida até a sua porta, porque seria uma obra piedosa a seu favor. Assim foi que começou a levar a comida até a sua porta, mas sem falar-lhe.

Então Iblís veio novamente e o encorajou a fazer boas obras e conseguir mais bênçãos. Disse-lhe: ‘Se levasse à comida até dentro de sua casa conseguiria maior recompensa’. Continuou encorajando-o durante algum tempo até que o servo começou a levar a comida até dentro da casa. E continuou assim durante algum tempo.

Então Iblís (Shaitân) veio novamente e o encorajou a que fizesse o bem. Disse-lhe: ‘Se falar com ela, aliviarás seu medo, angustia e solidão’. Assim foi que começou a falar com ela da sua habitação até seu lugar de culto.

Contudo Iblís veio de novo. Disse-lhe: ‘Se vai até a porta da tua casa e ela até a porta de sua casa enquanto conversam, será, sem duvida, mais reconfortante para ela’. Continuou encorajando-o até que concordou a ir e sentar-se diante de sua porta para falar com ela. A menina saía de sua construção e se sentava diante de sua porta e conversavam durante algum tempo.

Então Iblís veio novamente e o encorajou a que se esforçasse ainda mais em conseguir recompensas por tratá-la bem. Disse-lhe: ‘Se sair de seu lugar de culto e sentar-se perto de sua porta seria mais confortável para ela’. E continuou exortando-o até que o fez por um tempo. Então Iblís veio de novo. Desta vez lhe disse: ‘Se entra na sua casa e fala com ela, e não faça com que mostre seu rosto em público será inclusive melhor para você’. Continuou exortando-o até que entrou na sua casa, passando o dia inteiro falando com ela. Mas quando a noite chegava, voltava a seu lugar de culto.

Então Iblís veio mais uma vez e começou a sussurrar-lhe sobre sua beleza e tentando-o, até que o monge tocou sua perna e a beijou. Mas Iblís continuou sussurrando-lhe até que finalmente mantiveram relações sexuais. Assim foi que ela ficou grávida e deu a luz a um menino. Então Iblís disse ao monge: ‘Não entende o que os irmãos da jovem farão com você quando verem que deu a luz a um filho teu? Não sabe se colocarão a luz tua ação. Deve pegar a criança, matá-lo e enterrá-lo, para ocultar o assunto, já que ela não contará nada por temor a que seus irmãos saibam o que fez’.

Mas Iblís voltou e lhe disse: ‘por acaso pensa que ela ocultará de seus irmãos o que fizeste com ela, já que mataste a seu filho? Deve matá-la e enterrá-la com seu filho’. E continuou incitando-o até que a matou e a enterrou junto a seu filho. Colocou sobre a tumba uma pedra enorme e o nivelou. Então voltou a seu lugar de culto e se dedicou a oração. Permaneceu assim algum tempo até que os irmãos regressaram da guerra. Quando foram até o monge e perguntaram por sua irmã, este começou a lamentar sua perda e chorar pedindo por ela misericórdia. Disse-lhes: ‘Ela era a melhor das mulheres e aquela é a sua tumba’. Os irmãos foram até a tumba e choraram por sua irmã pedindo a Deus que tivesse misericórdia dela. Estiveram diante da tumba durante uns dias e logo voltaram a suas famílias. Quando anoiteceu e dormiram, Shaitân apareceu em seus sonhos com a aparência de um viajante. Começou com seu irmão mais velho, perguntando-o sobre sua irmã. Este lhe disse o que o monge o havia contado e como havia mostrado sua tumba. Então Shaitân desmentiu ao monge dizendo: ‘Não disse a verdade sobre vossa irmã. Mas ela ficou grávida dele e teve um filho. Mas logo matou a ambos e os enterrou por temor de vós. Os enterrou em um buraco que fez no lado direito da porta da casa que ela habitava’ e fez o mesmo no sonho dos outros irmãos.

Quando os irmãos despertaram, ficaram surpresos do que viram. Quando se encontraram disseram: ‘Tive um sonho assombroso à noite’ e contaram mutuamente o que haviam visto.

O irmão mais velho disse: ‘Esse sonho não é importante, ignora-o’. Mas o mais jovem disse: ‘Não o deixarei passar, irei a esse lugar investigar’. Deste modo foram até o lugar descrito diante da porta e ao escavar encontraram a sua irmã e seu filho enterrados como lhes havia dito. Ao perguntarem para o monge, este confessou reconhecendo o que Iblís lhes haviam dito. Assim foi que saiu do seu lugar de culto para ser punido com a morte.

Quando o amarraram a tora para executá-lo Shaitân apareceu diante dele e lhe disse: ‘Agora sabes que fui eu que o tentou com a jovem para que ficasse grávida e logo a matasse junto com seu filho. Se me obedecer hoje e negar (descrer) a Deus, quem te criou e deu forma, eu te resgatarei desta dificuldade’. O monge descreu de Deus, negando sua existência. Mas quando o monge abandonou a Fé, Shaitân o abandonou e foi executado”. (134)

Os Sábios mencionam esta história ao fazer seu comentário sobre o seguinte Versículo:

“São como Satanás quando diz ao homem: Não Creia! E quando já não crê, diz: Eu não me responsabilizo por ti”. (59:16) citando que este versículo se refere a este monge e a outras pessoas as quais cabe o exemplo e Deus sabe melhor.

 

6. O desvio gradual.

Da historia anterior podemos concluir um dos métodos que Shaitân utiliza para desviar as pessoas. O desvio é gradual, passo a passo. Iblís não se cansa de sussurrar para os homens. Cada vez que uma pessoa comete um pecado, o induz a que caia em um maior, sem deter-se, até conseguir a destruição da pessoa. Esta é a metodologia que Deus destinou para a criação. Se eles se desviam do caminho de Deus, Ele permite a Shaitân tomar controle sobre eles.

“Pois quando se desviaram, Deus desviou seus corações”. (61:5)

 

7. Shaitân faz a pessoa esquecer aquilo que é benéfico.

Shaitân adotou este método com Adão. Insistiu sussurrando-lhe até que finalmente esqueceu o que seu Senhor lhe havia ordenado.

“Certamente que Adão recebeu um compromisso de Nós (de não dar ouvidos aos sussurros de Satanás), mas logo se esqueceu (e comeu da arvore proibida); e não vimos nele uma enérgica decisão”. (20:115)

O companheiro de Mussa (Moisés) lhe disse:

“...e ninguém senão Satanás me fez esquecer...” (18:63)

Deus proibiu a Seu Mensageiro assim como a seus companheiros que se sentassem em qualquer reunião na qual fizessem zombarias sobre os sinais de Deus e sua religião, mas Shaitân faz esquecer o que Seu Senhor ordena, pois que algumas pessoas terminam sentando-se com essa gente que zomba da religião.

“Quando ver que zombam de Nossos sinais, não permaneça reunido junto a quem o faz até que mudem de conversa. Mas se Satanás os faz esquecer (e permanece com eles), quando recordar não permaneça reunido com os iníquos”. (6:68)

Quando o Profeta Youssef (José) estava na prisão comentou a seu companheiro, a quem Youssef sabia que sairia da prisão e que mencionaria seu caso ao governador. Mas Shaitân fez com que esquecesse e, conseqüentemente, Youssef permaneceu na prisão durante vários anos ainda.

“E disse a quem pensava que estaria a salvo: Recorda-me diante de teu senhor! Mas Satanás o fez esquecer que recordasse diante de seu senhor, e permaneceu no cárcere alguns anos”. (12:42)

Se Shaitân tem o controle completo sobre a pessoa, o faz esquecer de Deus completamente.

“Se apoderou deles Satanás e os fez esquecer da recordação de Deus. Eles são os partidários de Satanás. Por acaso não são os partidários de Satanás os perdedores?”. (58:19)

Este Versículo se refere aos hipócritas, como evidencia o Versículo anterior. A maneira de recordar de Deus é a menção de Seu nome, porque isto espanta e afugenta a Shaitân.

“E recorda de teu Senhor quando esquecer...” (18:24)

 

8. Faz com que os crentes tenham temor dos aliados de Shaitân.

Outra de suas estratégias é causar nos crentes temor dos aliados de Shaitân. Assim, os crentes, não lutam contra eles, nem os ordenam o bem, nem os proíbe o mal. Disse Deus sobre isto:

“Assim, é Satanás, atemoriza com seus seguidores. Mas não o tema, senão temei a Mim, se são crentes”. (3:175) em outras palavras, Shaitân os assusta com seus aliados. Disse Qatâda. “Quer dizer, sua importância aumenta no coração. Por esta razão Deus disse “Mas, se são crentes, não o tema, temei a Mim”. Porque sempre que a Fé aumenta, o medo dos aliados de Shaitân diminui em seu coração; e sempre que a Fé diminui, o medo dos aliados de Shaitân aumenta”.

 

9. Seduz ao ego através daquilo que este ama e deseja.

Dissertando sobre o tema, Ibn Al Qaim escreveu:

“Shaitân flui na pessoa como o faz seu sangue, até que se encontra com a alma e se mistura com ela. Pergunta a ela sobre o que ama e deseja. Quando consegue este conhecimento, o utiliza contra a pessoa transmitindo esse conhecimento também a seus aliados e seguidores humanos. Quando estes desejam seu mal, o assediam com aquilo que ama e deseja. Porque o que entra através da porta nunca será rejeitado. Porque se alguém tentasse seduzi-lo por outros meios, encontraria a porta fechada, impossibilitando a si mesmo o alcance de seu objetivo”. (135)

Esta foi a maneira que Shaitân pode aproximar-se de Adão e Eva (Haua) no Paraíso. Tal como disse Deus:

“Mas Satanás os sussurrou dizendo-lhes: Vosso Senhor os proibiu de aproximar-se desta arvore para que não se convertam em anjos ou em seres imortais”. (7:20)

Disse Ibn Al Qaim: “O inimigo de Deus, Iblís examinou aos pais da humanidade (Adão e Eva) e encontrou neles a inclinação a permanecer eternamente no Paraíso. Soube imediatamente que esta seria a única porta para entrar neles. Assim foi que jurou por Deus que era um conselho sincero para eles. E lhes disse:” Vosso Senhor os proibiu de aproximar-se desta arvore para que não se convertam em anjos ou em seres imortais “(7:20)”.

 

10. Causar dúvidas no coração.

Entre as artimanhas que utiliza Shaitân para desviar o ser humano se encontra a de semear duvidas no coração, agitando sua Fé, confundindo-a com duvidas e suspeitas. O Profeta (SAWS) nos advertiu sobre algumas dessas duvidas. Bujari e Muslim transmitiram de Abu Huraira que o Mensageiro de Deus disse: “Shaitân virá e lhe perguntará: ‘Quem criou isto? Quem criou este outro?’ Até chegar a: ‘Quem criou a seu Senhor?’ Quando despertar tal pensamento deve buscar refugio em Deus e terminar com tais pensamentos”. (136)

Nem sequer os companheiros do Profeta (SAWS) se encontravam a salvo de tais pensamentos. Alguns deles foram ao Profeta (SAWS) para queixar-se de idéias que tinham em suas mentes. Muslim transmitiu de Abu Huraira que alguns companheiros foram onde estava o Mensageiro de Deus e lhe disseram: “Encontramos em nossas mentes coisas que ninguém se atreve a falar”. Disse: “Realmente acham isso?” E quando responderam que sim, ele lhes disse: “Isso é uma manifestação da Fé verdadeira”. (137)

Quer dizer que esta manifestação da Fé foi o que lhes fez recusar e detestar tais pensamentos e sussurros de Shaitân, e considerá-los um assunto grave. O Profeta (SAWS) ao ser perguntado sobre o sussurro de Shaitân contestou: “É pela pureza da Fé”. (138)

Os companheiros do profeta (SAWS) eram alvos de sussurros de Shaitân, tal como se transmite no livro de Abu Daud de Ibn Abbas que um homem veio ao Profeta (SAWS) e disse: “Ó Mensageiro de Deus! Encontramos em nossas mentes coisas que queríamos que fossem cinzas antes que nos atrevêssemos a falar deles”. O Profeta (SAWS) disse: “Allahu Akbar! (Deus é Maior) Allahu Akbar!, Allahu Akbar! Alhamdulillah (todos os louvores pertencem a Deus) quem reduziu as artimanhas (de Shaitân) e o sussurro”. (139)

Deus nos informou sobre os sussurros com Seu dizer: “E não mandamos antes de ti enviado nem Profeta algum sem que, se desejavam algo, contaminasse Satanás seu desejo. Mas Deus desmantela o que lança Satanás, logo confirma Seus Versículos, porque Deus é Onisciente, Sábio. Para colocar o que lança Satanás como prova para aqueles em cujos corações há um mal, e os duros de coração. Os iníquos estão em profundo cisma. E conhecerão aqueles que receberem a ciência, que a verdade emana de seu Senhor, e creiam nele, e surpreenda-se seus corações. E certamente, Deus guia os que crêem, pela Guia Reta”. (22:52/54).

O Versículo anterior cita os pensamentos dentro da própria alma. Isto significa que Shaitân tentou sussurrar ao Profeta (SAWS) alguns pensamentos. Mas Deus protegeu o Profeta (SAWS) dos sussurros de Shaitân, alertando-o com a verdade. Aqueles que opinam que o significado do Versículo é que Shaitân sussurrou alguma coisa no Alcorão, estão desviados e longe da posição correta. Porque o Mensageiro de Deus está protegido por Deus de cometer algum erro com respeito a divulgação da mensagem.

Shaqiq, um conhecido sábio, clarificando os tipos de duvidas que Shaitân cria na alma de uma pessoa disse: “Não chega nenhuma manhã sem que Shaitân me tente por quatro lados: Pela frente, por trás, pela minha esquerda e pela minha direita. Me diz: ‘Não temas!, porque Deus é Perdoador!, Misericordioso!’ Pois o recitei em contestação: “Eu na verdade, sou Remissório com quem se arrepende, crê, e faz o bem, logo, se encaminha ao bem”. (20:82). Por trás me assusta com o pensamento de que meus descendentes possam cair num estado de pobreza. Pois que recito em contestação: “E não há criatura na terra sem que seja Deus Quem o sustenta...” (11:6). Pela direita me tenta com mulheres, assim pois que recito: “...e o bom final (nesta vida e na outra) é para os temerosos”. (7:128) e pela esquerda me cerca com a forma de desejos. Pois que recito: “E entre eles e o que desejavam se interpôs uma barreira...”. (34:54)”


11/12/13/14

Disse Deus no Alcorão:

“Ó, crentes! O vinho, os jogos de azar, os altares (sobre os quais eram degolados os animais como oferendas para os ídolos) e consultar a sorte valendo-se de flechas são uma obra imunda de Satanás. Abstende-vos deles e assim terás êxito”. (5:90/91) “o vinho” é todo embriagante. “Maissir” são os jogos de azar. “Os altares” são os ídolos, quer dizer tudo que se adora no lugar de Deus, como as pedras, as arvores, as estatuas, as tumbas e assim sucessivamente. “As flechas” são maneiras de consultar o futuro ou o destino, o que o leva a tomar determinadas ações. Os árabes pagãos utilizavam lanças, flechas ou pedras, mas qualquer coisa que seja usado com este propósito tem o mesmo veredicto. Escreviam em um destes elementos: “Meu Senhor me ordena abandonar este assunto” e em outro: “Meu Senhor me ordena fazê-lo”. Pois antes de tomar uma decisão (relacionada com o casamento, viagens etc) se dirigiam até o adivinho e este lhe dava para escolher na sorte uma das flechas de um receptáculo e depois de ler a mensagem que continha atuavam na conseqüência.

Shaitân convida as pessoas a cair nestes quatro atos, porque todos representam desvios em si mesmo, provocando em quem os comete, efeitos nocivos e resultados perniciosos. Por exemplo, o álcool produz a perda da consciência, desta maneira a pessoa comete em estado de ebriedade atos proibidos e abandona a obediência a Deus e pode causar prejuízos a outras pessoas. Ibn Kazir, em seu comentário do Alcorão, citou as palavras de Othman Ibn Affan: “Afastem-se do álcool porque é a mãe de todos os males. Ouve nos tempos que o precederam um homem que se afastou das pessoas para adorar a Deus. Uma mulher o desejava, então enviou a sua servente para solicitar-lhe a presença para ser testemunha em um assunto. Quando este chegou na sua casa, cada vez que entrava em um quarto, a porta se fechava atrás dele. Até que chegou em um quarto onde se encontrava a mulher com uma criança e uma jarra de vinho. Ela lhe disse: ‘Juro por Deus que não te solicitei para que fosse testemunha de algo, senão para que mantivesse relações sexuais comigo, ou matarás esta criança ou tomará deste álcool. Então (supondo que era o menos prejudicial) pegou um copo e bebeu, mas logo pediu mais para beber. E não deixou de beber até que finalmente fornicou com ela e matou a criança. O álcool e a Fé nunca poderão permanecer juntos numa mesma pessoa, pois que um deles abandonará a pessoa rapidamente”. (140)

Ibn Jarir, Ibn Al Mundhir, Abu Al Shaij, Ibn Mardauaih e Al Nahas narraram de Sad Abi Waqqas que: “Um dos Ansar preparou uma ceia para alguns dos Sahabas. Os serviu nela algo de álcool para beber antes de que este fora proibido por Deus. Quando se embebedaram, começaram a discutir e acabaram lutando. Sad Ibn Abu Waqqas terminou machucado, seu nariz foi golpeado com a mandíbula de um camelo. As cicatrizes desta ferida permaneceram em seu rosto pelo resto de sua vida”. (141)

Também se narra que um dos companheiros se adiantou para dirigir a oração estando embriagado, antes de ser revelada a proibição do álcool, e disse: “Incrédulos! Eu adoro o que vós adorais” no lugar de recitar: “Eu não adoro o que vós adorais!” (109:1/2). Então Deus revelou: “Ó crentes! Não façam a oração quando estiverem ébrios até que não saibam o que dizem” (4:43). (142)

O jogo é também uma enfermidade perigosa, tanto como o álcool. Quem se envolve, é muito difícil livrar-se dele. É uma maneira de desperdiçar tempo e dinheiro. Cria sentimentos de ódio e inveja, e empurra as pessoas a cometer atos proibidos.

Shaitân impele a construção de estatuas e tumbas para que sejam, com o passar dos tempos, objeto de adoração. O culto a estatuas e ídolos estão presente tanto nos tempos passados como em nossos dias. Os demônios acompanham a tais estatuas, e às vezes, falam a quem os adoram para acrescentar neles convencimento. Estes politeístas adoram a estas representações ao pedir-lhes por suas necessidades. As suplicam em momentos de dificuldade, se dirigem a eles durante as guerras e outros momentos difíceis oferecendo-lhes sacrifícios. Também cantam e dançam ao redor deles, comemorando festividades. São muitas as pessoas que se desviaram desta maneira, tal como disse orando o Profeta Ibrahim (Abraão) a seu Senhor:

“...guarde-me, e a meus filhos, de que adoremos ídolos. Senhor! Em verdade, eles extraviaram a muitos homens...” (14:35/36)

O culto as tumbas existem hoje entre alguns muçulmanos. Eles oram aos ali enterrados, circundam suas tumbas e lhes oferecem sacrifícios. Uma inovação aparecida nestes dias (que faz Shaitân rir dos seres humanos) que se chama “a tumba do soldado desconhecido”. Dizem que representa a todos os soldados que morreram cumprindo seu dever. Mas na realidade o adoram oferecendo-lhe presentes, flores e honras. Cada vez que um líder visita um país, deve visitar esta tumba e fazer uma oferenda. Todos estes tipos de culto são promovidos por Shaitân.


Predizendo o futuro

Os segredos que preparam o futuro pertencem ao oculto (gaib) e, portanto, são algo que somente Deus conhece. É por esta razão que o Profeta (SAWS) ensinou aos muçulmanos orar Salat Al Istikara (oração para pedir o bem) e a pedir a Deus que os guie para escolher o mais correto e benéfico, qualquer que seja o plano que projete para o futuro. Pedimos a Deus que nos guie para a melhor das opções!

Tentar conhecer o futuro através do acaso como as flechas, a borra de café e outros, jamais levará à verdade. Consultar estes meios é um sinal de falta de inteligência. Similar a isso é o que toma o vôo de um pássaro como azar quando está a ponto de embarcar para uma viagem. Dizem que quando deixa a sua casa, se vê um passaro voar a sua direita, quer dizer boa sorte, mas se este voa para a esquerda, é considerado como azar. Todos estes métodos falsos são somente desvio e engano.

 

15. Magia

Outras das artimanhas que utiliza Shaitân para desencaminhar os seres humanos é a magia. Os demônios ensinam este conhecimento que na realidade não tem nenhum benefício, senão que, ao contrario, é só prejudicial.

Disse Deus:

“E creram (os judeus) o que inventaram os demônios sobre o reinado de Salomão (dizendo que havia chegado ao mesmo por meio de bruxaria). Sabei que Salomão não caiu na incredulidade (a bruxaria) e que eram os demônios que ensinavam os homens a bruxaria e a magia que transmitiram os anjos Harut e Marut em Babel. Mas estes não ensinavam nada a ninguém sem antes advertir que era uma tentação, e quem o aprendesse cairia na incredulidade. Aprendiam deles como separar o homem da sua esposa, mas na verdade não podiam enganar a ninguém que Deus não permitisse. Aprendiam o que lhe prejudicava e não lhes beneficiava, e sabiam que quem acessava a magia e a bruxaria não teria êxito na outra vida. Que mal fizeram em vender suas almas!” (2:102)


É a magia real?

Existem diferentes opiniões entre os sábios sobre este tema. Alguns dizem que é somente uma alucinação e que não é real baseados nas palavras de Deus (relatando o enfrentamento entre Moisés e os magos do Faraó):

“Diz: Pois tira vós! E hei que suas cordas pareciam correr, em virtude de sua magia”. (20:66)

Enquanto que outros afirmam que é real, tal como demonstra o Versículo da Sura Al Baqara (2:102). Mas podemos concluir em respeito que a magia é de dois tipos: (a) Um tipo de ilusionismo que é basicamente onde “a mão é mais rápida que o olho”, e (b) a verdadeira magia, através da qual se pode fazer um dano real, como, por exemplo, separar aos esposos.


O feitiço dos judeus ao Profeta (SAWS).

Aisha narrou que o Profeta (SAWS) foi enfeitiçado por um homem da tribu Bani Zuraiq, chamado Labid Ibn Al Asam, até a ponto de imaginar que fazia algo que não fazia. Assim permaneceu até o dia em que rogou e rogou a Deus em súplica e disse: “Notou que Deus me respondeu sobre aquilo que lhe solicitei? Dois homens vieram a mim e um deles se sentou na minha cabeça e outro nas minhas pernas, então um deles disse ao outro: ‘Qual é a doença do homem?’ E o outro respondeu: ‘Foi enfeitiçado’. Então o primeiro perguntou:’E quem o enfeitiçou?’ E o segundo respondeu: ‘Labid Ibn Al Asam’. O primeiro voltou a perguntar: ‘E onde se encontra o feitiço?’ E o segundo disse: ‘Em um pente, com cabelos na espátula que é da raiz de uma palmeira macho’. O primeiro de novo perguntou: ‘E onde se encontra?’ E o segundo disse: ‘No poço Dharuan’”. Então o Mensageiro de Deus (SAWS) saiu e voltou. E disse a Aisha: “Suas águas eram como a maceração da henna (de um marrom intenso) e suas palmeiras eram como cabeças de demônios”. E Aisha lhe disse: “E tirou (o feitiço)?” E o Mensageiro (SAWS) respondeu: “Não, mas Deus me curou. Temi que ao fazê-lo (tirar do poço as coisas com as que se havia realizado o feitiço) poderia provocar algum mal as pessoas. Assim ele ordenou que o poço fosse tampado”. (144) O feitiço não afetou a profecia nem a mensagem, já que os efeitos da magia e do feitiço não podem penetrar alem do corpo, e não afetaram nem seu coração nem sua mente. Quer dizer que teria o mesmo efeito que qualquer outra enfermidade que sofresse o Profeta (SAWS). Mas tanto o Alcorão como a Lei Islâmica foram protegidas por Deus de qualquer distorção ou interferência. Tal como disse Deus: “Certamente Nós revelamos o Alcorão e somos Nós seus Preservadores”. (15:9)

 

16. As debilidades do próprio ser humano.

Os seres humanos têm numerosas debilidades. De fato, são enfermidades. Shaitân penetra profundamente nas debilidades (agravando-as no coração) que afligem o ser humano para prejudicá-lo. Estas debilidades incluem, entre muitas outras: A debilidade, o desespero, o desalento, a desesperança, a irreflexão, o egocentrismo, a vaidade, o orgulho, o desdém, a raiva, o mau temperamento, as duvidas, a confusão, o medo, a pressa, o ser miserável, a cobiça, a ignorância, o amor a esta vida e a riqueza, a opressão, a arrogância, o pedantismo e tantas outras.

O Islam convida para a purificação do espírito e da alma livrando-a destas enfermidades. Isto requer esforço e paciência. Paciência ante as dificuldades no caminho de Deus.

Seguir as paixões, “os baixos instintos”, e tudo o que o ego solicita é um caminho fácil. O exemplo de quem caminha pela Senda de Deus é como quem sobre até o cume da montanha. Enquanto que quem transita no caminho das paixões e dos desejos, é como quem ao contrário, desce deslizando a montanha. É por esta razão que tantas pessoas respondem ao chamado de Shaitân, e que encontram seu caminho fácil, enquanto que o caminho reto de Deus necessita e requer esforço, mostrando-se difícil.

Mencionaremos ainda alguns dizeres dos Salaf (muçulmanos retos das primeiras gerações) sobre como Shaitân se aproveita das debilidades do ser humano.

Disse Al Mutamar Ibn Sulaiman narrando as palavras de seu pai: “Me foi mencionado que Shaitân sussurra aparecendo no coração da pessoa quando este se angustia ou alegra-se intensamente. Mas se este menciona a Deus, Shaitân foge”. (145) Wahb Ibn Munabbih relatou que um monge perguntou a Shaitân: “Que característica do ser humano lhe é mais útil para utilizá-la contra ele?” Shaitân respondeu: “Sua ira. Se um servo é irado, posso manipulá-lo da mesma maneira que uma criança manipula sua bola”. Ibn Al Jauzi transmitiu de Ibn Omar que o Profeta Nuh (Noé) perguntou a Shaitân com qual característica costumava destruir a pessoa e este lhe respondeu: “A inveja e a cobiça”. Estas são as características que utilizou Shaitân aos irmãos de Youssef (José) quando plantou em seus corações ciúmes de seu irmão. Disse Youssef (José) no Alcorão:

“...certamente que meu Senhor fez que se cumprisse, e me agraciou fazendo-me sair do cárcere, e também ao aproximarem-se de mim no deserto depois que satanás havia semeado a discórdia entre meus irmãos e eu...” (12:100) (146)

 

17. O amor excessivo pelas mulheres e pelos prazeres mundanos

O Profeta advertiu que não existe pior sedição para o homem que a mulher. Por esta razão foi que o Islam pede a mulher que cubra o seu corpo exceto seus rosto e suas mãos, e pediu aos homens que recatem seu olhar. O Mensageiro de Deus proibiu a homens e mulheres que não sejam parentes entre si (gair mahram) permanecer a sós, acrescentando que sempre que se encontra um homem e uma mulher a sós Shaitân se encontra com eles. Tirmidhi transmitiu em seu livro Sunnan com uma cadeia legítima de narradores que o Profeta (SAWS) disse: “...quando uma mulher sai para a rua, Shaitân faz com que pareça mais bela do que é diante do olhar dos homens”. (147)

Nestes dias somos testemunhas de como a maioria das mulheres saem de suas casas exatamente da maneira que o Profeta (SAWS) nos havia descrito: “Estarão vestidas mas nuas ao mesmo tempo”. Distintas organizações tem o objetivo, no oriente e ocidente, de promover lascívia e obscenidades abertamente na sociedade. Publicam novelas imorais e histórias e filmes que atraem e chamam as pessoas à obscenidade.

Em quanto ao amor exagerado pela vida mundana, é a razão de todas as injustiças. As matanças, as expropriações e abusos das riquezas alheias, as expropriações, a ruptura dos laços familiares, tudo isto é a causa da ambição e amor por este mundo e disputa por adquirir mais prazeres, ainda que sejam limitados, efêmeros e fúteis.

 

18. A música

O canto e a musica são duas ferramentas de Shaitân, que ele utiliza para corromper o coração do ser humano e destruir a sua alma. Disse Ibn Qaim a respeito: “Das maquinações do inimigo de Deus e os golpes que utiliza contra aqueles que carecem de conhecimento, inteligência e religião, com o que captura os corações de ignorantes e tontos, se encontra a música, enquanto assobiam e cantam usando instrumentos proibidos que afastam os corações do Alcorão e os fazem dependentes de pecados e lascívias. A musica é o “Alcorão” (recitação) de Shaitân que afasta as pessoas do Alcorão do Misericordioso. E é o canto dos homossexuais e dos adúlteros. Shaitân engana as almas injustas com ela (a musica). E inspira pensamentos falsos que consideram corretos, pois aceitam sua orientação e abandonam o Alcorão.” (148)

Um dos fenômenos mais estranhos é que algumas pessoas utilizam o canto e a musica como ferramenta de culto ou como uma maneira de aproximar-se de Deus. Mas na realidade, abandonam a recitação do Misericordioso pela recitação de Shaitân.

Ibn Al Qaim numerou vários nomes utilizados pelos Sábios para referir-se a musica: “Entretenimento improdutivo (Lahu), palavras sem beneficio (Lagu), futilidade (Batil), discurso falso, convite ao adultério, a recitação de Shaitân, a fonte da hipocrisia no coração, som bobo, ruído dos injustos, som de Shaitân e cânticos ou flautas de Shaitân, entre outros”. (149)

Os sinos são instrumentos de Shaitân.

O Mensageiro de Deus nos informou que os sinos (Jarás) são os instrumentos ou flautas de Shaitân. Muslim transmitiu de Abu Huraira que o Profeta (SAWS) disse: “Os Anjos não acompanham a grupos onde haja cães, sinos ou instrumentos de corda”. (150)

 

19. O desdém dos muçulmanos em praticar aquilo que lhes foi ordenado

Se o muçulmano se apega firmemente nos ensinamentos do Islam, Shaitân não encontrará maneira de desviá-lo. Porém, se ao contrario, o muçulmano, é negligente ou preguiçoso em seus atos, Shaitân tem a oportunidade de desencaminhá-lo com algumas de suas estratégias. Disse Deus:

“Ó crentes! Entrai todos na religião do Islam (submetendo-se a Deus) e não sigam os passos de Satanás; certamente ele é para vós um inimigo declarado”. (2:208) Quer dizer que a pessoa deve seguir o Islam em cada aspecto da sua vida, porque isto o livrará de Shaitân. Um exemplo pratico deste conceito é alinhar as filas da oração, porque Shaitân não pode colocar-se entre elas se estas se encontram alinhadas e agrupadas. O Mensageiro de Deus disse: “Alinhem vossas filas, (colocando ombro a ombro) e agrupem-se fechando os buracos, porque os demônios se movem entre os buracos como as descendências dos hadhaf”. E foi-lhe perguntado:”Quem são os descendentes dos hadhaf?” Respondeu: “São os gafanhotos na terra do Yemem”. (151)

Outro Hadiss diz: “Alinhem as filas e agrupem-se, porque por aquele um Cujas mãos se encontra minha alma, posso ver Shaitân atravessar os buracos nas filas como se fosse um rebanho de cordeiros cor de terra”. (152)

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